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Mercado Editorial se adapta ao digital

O mercado editorial brasileiro caminha com um modelo de negócios para eBooks se ajustando ainda lentamente. Vários são os motivos. Segundo levantamento realizado em junho pela Câmara Brasileira do Livro [CBL], de um universo pesquisado durante a quarta edição do Congresso Internacional do Livro Digital, 32% afirmou que dificuldades [como qual tecnologia utilizar, e a falta de conhecimento técnico] impedem a entrada da sua editora no mercado digital.

Antes do advento da Internet, nosso mercado editorial parecia estar protegido em redoma de vidro pelos agentes que compunham a chamada cadeia produtiva do livro. Editoras, distribuidoras, livrarias e até mesmo as gráficas eram responsáveis por integrar e unir um mercado de bilhões de reais. Havia um mecanismo, engendrado por pelo menos três décadas, para proteger e não permitir que novos entrantes, concorrentes, atrapalhassem os negócios.

O mercado se mostrou de certo modo estável até meados da década de 1990. Depois do estouro da bolha da Internet, tecnologias de informação e comunicação, e mais tarde as mídias digitais e sociais, fizeram avançar um novo modo de operação nos negócios editoriais. Permitiu que novos players não só fizessem parte deste mercado como também o transformasse em algo urgente; em um mercado mais dinâmico, para os que entravam, porém mais anárquico para os que nele já confortavelmente se encontravam.

Nos últimos anos, diversas livrarias online romperam com o antigo modo de vendas diretas e fizeram nascer um novo consumidor digital. Hoje, segundo uma pesquisa do grupo Codex, cerca de 60% das vendas de livros, impressos e digitais, acontecem online. E os autores estreantes, que antes não tinham a oportunidade de publicação, ganharam dezenas de ferramentas de autopublicação e divulgação que abriram portas para um mundo de leitores.

Livrus Negócios Editoriais é um exemplo de empresa que pode ser entendida ao mesmo tempo com uma editora e agência de comunicação, tal a metamorfose nos negócios causada pela Internet. Com apenas dois anos de atuação, mantém um modelo de negócios sustentável voltado ao mercado e já representa mais de oitenta escritores em todo o território nacional. Com um catálogo híbrido de títulos, impressos e digitais, a Livrus faz parte de um rol de novos players que estão tão próximos dos leitores quantos dos autores. Faz uso de uma série de ferramentas para aproximar os públicos através dos livros. Ferramentas que vão desde uma livraria que utiliza modelos de social-commerce até um site voltado aos serviços essenciais para a publicação sob encomenda, marketing e gestão literária.

O livro da era digital ainda não mantém um mercado tão consolidado quanto o do seu irmão primogênito, o livro impresso, mas já permite uma flexibilidade no que diz respeito a novas formas de produção de obras, novos percentuais de Direitos Autorais e, principalmente, novos modos de se ler um livro. Muitas editoras estão pensando diariamente em como melhorar a performance dessa nova empresa nascente, para atender também a um novo tipo de cliente muito mais exigente.

Segundo a pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, publicada em 2012, existiriam mais de 80 milhões de leitores no país. O mercado editorial convencional, que sempre foi protegido pelos agentes que compunham a cadeia produtiva do livro, agora tem como desafio compreender do que se trata o consumo de leitura. O artefato livro, um produto cultural de massa com mais de cinco séculos de história, ganha novos contornos com a qualidade nos serviços prestados pelas novas casas editoriais e pelos canais de vendas disponíveis.

De acordo com um relatório publicado pela Nielsen em julho, intitulada “Entendendo o consumidor de eBook”, as vendas de ficção em versão digital chegarão a 47 milhões de unidades e representarão 48% do total de vendas de ficção. Segundo a Nielsen, uma menor receita da venda de eBooks não é a única preocupação para editoras. Receitas de vendas de livros impressos estão caindo também. “Estamos prevendo que o valor total do mercado de ficção cairá 16% este ano, e mais 4% em 2014”, afirma o relatório.

Enquanto o antigo mercado se adapta ao mundo digital e busca compreender este novo modo de se operar, um novo mercado nasce com um modelo de negócios orgânico, que vai se ajustando. Esta adaptação iniciou-se com o advento da Internet, mas intensificou-se com a revolução provocada pelas mídias sociais. O livro digital, neste cenário, necessita de uma reposta adequada.

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