Minha proposta nesse artigo é pensar em simular um ecossistema de conteúdo digital voltado à Educação para que possamos avançar com a ideia de uma Biblioteca Digital Escolar.
Há um novo cenário, prestes a intensificar a questão da interoperabilidade entre o hardware, o software e o conteúdo. Essa interoperabilidade se mostra um dos itens mais importantes para que as bibliotecas digitais se tornem estantes acessíveis para todos os alunos das escolas públicas.
A acessibilidade é a palavra-chave. O hardware, em sua maioria, são os dispositivos de leitura [reading devices] fabricados por empresas privadas com interesses mercantis bastante díspares e com prazo de validade. Para se ter uma ideia, a Fundação para o Desenvolvimento da Educação [FDE], está sempre confirmando a vida útil dos equipamentos doados ou comprados pelo Governo Estadual. Nesse cenário, o software, ou o aplicativo, o mediador entre a máquina e o leitor, oscila entre linguagens de programação proprietárias e os chamados códigos abertos [open source]. E o conteúdo, nosso principal item, sempre dependerá dos dois primeiros para ser efetivamente acessado e usado em sala de aula.
O Governo de São Paulo anunciou, em setembro de 2017, que todas as escolas estaduais serão equipadas com sistema Wi-Fi e banda larga. De acordo com a Administração, cinco mil unidades terão acesso à internet até outubro de 2018. Uma ótima notícia. Essa ação do Governo faz parte de de um plano de tecnologia, com doação por parte de uma empresa privada de 91 mil computadores às unidades escolares; a aquisição de 16 mil notebooks e mudanças de um programa, chamado Acessa Escola, atendendo mais de 3,7 milhões de alunos dos ensinos Fundamental e Médio.
Para que, em médio e longo prazos, os agentes envolvidos e interessados na utilização das bibliotecas escolares [governo, editoras, autores, professores, alunos, etc.] se beneficie igualitariamente de um repositório digital, o desenvolvimento de seu ecossistema pode se basear no conceito de open source. Ou seja, de código fonte aberto, de acesso livre e irrestrito. A open source permitiria a democratização do acesso aos eBooks e, a meu ver, é o caminho mais próximo do ideal em médio e longo prazos.
O avanço na instalação da internet sem fio nas escolas públicas, item de de suma importância pois, sem o acesso à internet, não há acesso ao conteúdo, terá continuação primeiramente nas salas dos professores e nas salas de informática. A expectativa é a de que a instalação avanve em até 500 escolas por mês. Segundo o projeto, as unidades que participam de um programa chmado Escola da Família poderão utilizar a conexão aos fins de semana, em áreas indicadas por cada equipe gestora.
Ainda segundo a pasta de Educação do Governo, o sinal de internet será mais rápido. Isso porque dois links irão abastecer as unidades: o Intragov, órgão ligado ao próprio Governo Estadual e a banda de uma empresa privada. Além disso, um monitoramento e filtro de conteúdo acessado pelos estudantes será mantido.
Na minha visão, nesse projeto do Governo do Estado de São Paulo, não há nenhuma novidade, nenhuma estratégia nova. O aluno tem que se deslocar até o laboratório de informática. O ideal é que o notebook vá para sala de aula. O ideal é que carrinhos com notebooks, tablets e e-readers percorram as salas de aula levando o conhecimento até os alunos. É claro que é preciso investir na modernização de equipamentos mas, mais que isso, é necessário pensar no conteúdo e tornar a rede estadual de ensino mais atrativa na aplicação do conteúdo pedagógico.
Os acervos digitais, em um cenário como esse, devem estar sustentados por modernos modelos de negócios, porque um dos principais entraves para a construção de bibliotecas digitais é o investimento para se montar sua estrutura de trabalho. O investimento inclui desde a aquisição, a digitalização de obras, quando houver esta necessidade, até o emprego da tecnologia de Digital Rights Management [DRM] empregada para os controles de acesso as obras.
Minha proposta, que descreverei nos próximos artigos, é simular um ecossistema de conteúdo digital voltado à educação para que possamos avançar com uma Biblioteca Digital Escolar. Nesta minha proposta de política pública, iremos levar em conta o emprego da tecnologia da informação, porque ela ainda é central quando se fala livros digitais [didáticos, paradidáticos ou de leitura complementar]. Propomos criar uma alternativa, uma solução para a problemática do livro em repositórios bibliodigitais, para que os profissionais interessados possam enfim vislumbrar um projeto factível e voltar suas atenções ao que realmente importa: a formação e a aprendizagem.
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Esse artigo foi escrito ao som de Belle & Sebastian!